
Policarpo teve a felicidade de conhecer e abraçar a fé cristã ainda menino, tendo sido instruído pelos próprios apóstolos, em particular, por São João, o Teólogo quem, mais tarde, o nomeou Bispo de Esmirna, cidade da Ásia Menor. Acredita-se que dele fala Nosso Senhor Jesus Cristo no segundo capítulo do Livro do Apocalipse, quando disse ao anjo: “Eu sei que padeces e que és muito pobre; contudo, és muito rico, pois és objeto de murmuração daqueles que se chamam judeus, e não os são, pois formam a sinagoga de satanás; não temas, pois, que que tens a padecer. Sê fiel até a morte que te darei a coroa da vida.” Policarpo governou a Igreja de Esmirna por quarenta anos. O resplendor de suas virtudes o projetava como a cabeça e primeiro de todos os bispos da Ásia; era ainda venerado por todos os fiéis a ponto de não deixarem ele mesmo tirar seus sapatos ou sandálias, apressando por fazê-lo para ter o privilégio de tocá-lo. Policarpo conquistou e formou muitos discípulos, do mesmo modo como ele próprio havia sido tratado pelos apóstolos. Santo Irineu, bispo de Lião, na França, foi um deles. Diz o santo: “Tenho ainda muito presente a sobriedade de seus passos, a majestade de seu semblante, a pureza de sua vida e suas santas exortações com as quais alimentava seu povo. Parece-me ainda hoje escutá-lo dizer como havia conversado com São João, e com outros que também tinham visto Nosso Senhor Jesus Cristo, as palavras que ouviu e as particularidades que haviam lhe ensinado sobre os milagres e a doutrina deste divino Salvador.” Tudo o que dizia era perfeitamente de acordo com as Sagradas Escrituras, como referido pelos que haviam sido testemunhas oculares do Verbo, e da Palavra de Vida.Seu zelo pela pureza da fé era tal, segundo afirma o mesmo Santo Irineu, que quando algum erro era dito em sua presença, tapava seus ouvidos e dizia: “Para que tempo me reservaste?” E fugia imediatamente. Após o martírio de São Germânico e de outros mártires, o povo de Esmirna começou a reagir com irritação: “Que os ímpios sejam exterminados! Que tragam Policarpo!” – Haviam escondido o santo bispo numa casa de campo, mas os que o buscavam conseguiram encontrá-lo. O santo encontrava-se num aposento, no alto, e teria conseguido se salvar se quisesse, mas se recusou, reagindo com estas palavras: “Faça-se a vontade de Deus.” Os soldados, vendo sua idade e firmeza, não se atreviam a cumprir a missão. O santo então pediu para que lhe preparassem a ceia e que lhe dessem uma hora para rezar em liberdade. Tendo sido concedido, cheio da graça de Deus orou de pé por duas horas pedindo por todos os seus conhecidos e encomendando a Deus a sua Igreja. Assim que chegaram à cidade, apresentaram-no ao governador da província que lhe interrogou se era mesmo Policarpo. Ele respondeu que sim. O magistrado então o instou a que renunciasse sua fé em Nosso Senhor Jesus Cristo. Policarpo lhe respondeu: “Eu já o sirvo há oitenta e seis anos, e nunca me fez mal algum. Como poderia blasfemar contra meu Rei que me salvou?” O pró cônsul continuava a lhe escutar: “Ao que parece, dissimulas conhecer-me?” Disse-lhe Policarpo. “Pois eu te declaro que sou cristão e, se queres instruir-te na doutrina dos cristãos, diga-me quando podes ouvir-me, e eu te ensinarei.” O pró cônsul reagiu: “Enganas o povo.” Disse-lhe Policarpo: “Pelo que te cabe, é justo responder-te: porque temos apreendido a respeitar os magistrados e a prestar às potestades estabelecidas por Deus a devida honra. Pois veja este povo que não merece que eu me justifique em sua presença.” O pró cônsul o ameaçou de ordenar que fosse jogado às feras. A resposta de São Policarpo foi que, a ele seria de mais vantagem passar dos suplícios à perfeita justiça. “Pois, já que não temes as feras, ordenarei que sejas queimado vivo por tua desobediência”. O santo lhe respondeu: “Ameaças com um fogo que, em algum momento, se apagará porque não conheces o fogo eterno que está reservado aos ímpios. Mas, o que te detém? Faça logo o que queres”. Irritado, o pró cônsul o condenou que fosse atirado ao fogo. Policarpo então desnudou-se a si mesmo e, como quisessem amarrá-lo a um poste, disse: “Deixe-me que assim terei mais força para padecer no fogo e a graça me deixará permanecer imóvel sobre a fogueira, sem necessidade dos cravos”. Contentaram-se, pois, com amarrar-lhe as mãos às suas costas. Assim, elevou os olhos aos céus, deu graças à Santíssima Trindade pela honra de ser um dos mártires por Nosso Senhor Jesus Cristo, e lhe suplicou que o recebesse qual sacrifício de agradável aroma. Terminada sua oração, acenderam o fogo; mas, ao invés de as chamas consumirem seu corpo, o rodearam formando como que uma muralha de proteção, e de seu corpo exalava um suave perfume. Ainda mais irritados por este milagre, os pagãos o partiram com uma espada. O sangue que verteu do ferimento foi suficiente para apagar o fogo. Assim, São Policarpo chegou ao fim de seu sacrifício e de sua vida terrena.
Outras Comemorações do dia:
- São Damião, novo Mártir do Monte Athos;
- Santa Gorgônia, a Justa, irmã de São Gregório, o Teólogo;
- São João Terista (séc. XI);
- São Proterios, Arcebispo de Alexandria;
- São Boswell, Abade de Melrose.